This's a man's world.

Parece-me que Liberdade tem de ser sempre muito fundamentada, entre frases feitas e uma História escrita por homens.

E que posso eu fazer, da desigualdade salarial à mutilação genital feminina?

Continuamos a ter de provar o dobro, pelo memo preço, valores que vem muito de trás, tão velhos quanto a História do patriarcado. Dizia Rousseau, que os problemas do mundo começaram quando alguém disse, «isto é meu». E da propriedade privada à objetificação do outro, ainda por aqui andamos, entre grandes revoluções e pequenos passos, num caminho que se faz todos os dias.

Certo, por aqui, e por enquanto, já podemos levantar a cabeça sem arder numa fogueira. A Ana de Castro Osório deu-nos a lei do divorcio, e o 25 de Abril o voto universal. Mas, por aqui - mas ainda por aqui continuamos a morrer. Umas à porta de casa, outras lá dentro, devagar, de mãos apertadas, a chorar baixinho, e a dizer sim ao medo.

E que posso eu fazer? se as metáforas que me sufocam, noutros lugares são gente apedrejada? meninas vendidas, contentores de trafico humano? Que posso eu fazer se a caça às bruxas ainda está no tamanho de uma minissaia ou n10 arbítrio de uma Mulher? Perdoai-lhes Senhor, que Eles não sabem o que fazem, eles quem ensinaram que uma mulher honrada nunca diz que não e ensinaram que a honra de um homem se mede na sua capacidade de não ceder, de não chorar.

Continuo reaprendendo os passos. Sigo caminhando, todos os dias.